sábado, março 12, 2011

"Você me inspira"

{Diarinho mode on}: Aí ontem, enquanto David me levava para casa, comecei a me perguntar o que, em mim, faz com que eu seja especial pra ele. Afinal, eu penso nisso o tempo todo. Nas coisas que ele faz que me fazem pensar “Jura que tudo isso é pra mim?”. Aí perguntei pra ele, e entre outras respostas, ele me disse: “Você me inspira”.
Eu fiquei pensando no significado disso, e da palavra e do que ela é pra mim. Eu sou movida a inspirações. Só consigo gostar de pessoas que me inspiram de alguma maneira, por exemplo. Essas pessoas que tão no mundo a passeio, por exemplo, ou que não correm atrás do que querem, não consigo agüentar.
{Diarinho mode off}






Daí, vindo pra casa, comecei a teorizar sobre essa coisa de inspirar, né. E no mesmo dia, eu havia feito um exame, e o médico me pedia pra ‘inspirar’, repetidas vezes.
E quando a gente inspira, fisicamente, enchemos o pulmão de ar. Mas e aí, no outro sentido, o que acontece quando inspiramos alguém ou algo nos inspira? Para mim, a mesma coisa. Acabamos enchendo todo o nosso ser _e especialmente nossa mente_ de coisas novas, de ‘ar fresco’, e no caso, esse ‘ar fresco’ nada mais é do que aquilo que nos mantém vivos, no sentido figurado. Aquilo que faz a gente sorrir com o canto da boca, que faz a gente pensar o dia inteiro nisso, que nos faz ser uma pessoa melhor, que nos faz mudar uma ou outra coisa da nossa vida porque nos sentimos ‘inspirados’.







Eu lembro muito bem de uma vez que alguém me disse que enjôo fácil das coisas, uma hora ou outra, perco o interesse e aquela pessoa (ou coisa) não é mais interessante pra mim. Por um curto tempo eu achei que era verdade, mas hoje eu vejo que não é a mudança ou o novo pelo novo que eu gosto. É essa coisa da inspiração.
É isso que a moda é para mim. Inspiração.
Tem gente que fala de ‘tendência’, ‘trend-to-watch’, ‘must-have’, ‘tá na moda’, mas para mim essas coisas não importam muito. O que faz com que a moda seja especial para mim é que ela me inspira.


Ver uma coleção cheia de emoção, como a última do Alexandre Herchcovitch (feminina), perceber toda aquela avalanche de sentimentos e todo aquele significado, me inspirou. Ou a coleção da Huis Clos, com a esperteza de materiais e a coisa fetichista, ou da Amapô, com toda a transgressão jovem e vontade de novo.
A moda me inspira quando eu vejo um editorial cheio de idéias e conceitos, que não precisam necessariamente serem novos, mas que de algum jeito, me faça pensar sobre aquilo, me dê idéias, ou simplesmente me deixe com o coração quente de ter visto algo que deixou meu dia mais bonito.


Mas além de desfiles e editoriais, textos inteligentes me inspiram muito. É um dos motivos pelos quais eu sou _e sempre vou ser!_ fã do Luigi e do André, que escreveram a maioria dos textos mais legais de moda que eu já li na minha vida. Aqueles textos que inspiram pra valer, que a cada parágrafo eu tenho que dar uma paradinha pra absorver tudo o que estou lendo, e fazer anotações mentais, e no final eu estou cheia de ar novo na alma que poderia até fazer aquele barulho de “ahhhhhh”.



Não sei se sou chata, mas acho a maioria dos textos de moda _tanto críticas quanto outros tipos_ bem chatos. Bem óbvios. Ou pior ainda, prepotentes. Ou fúteis. Ou os dois juntos, deus nos acuda (que é o que mais tem, vamos combinar).
Lembro de quando fiz minha entrevista de emprego com o André, pra trabalhar no FFW, e ele me perguntou porque eu gostava de moda. Não lembro exatamente o que respondi, mas no meio de tudo o que falei, disse que me sentia inspirada e que gostava de ver tantas coisas bonitas, e que me emocionava com aquilo.
Passado mais de um ano, a resposta seria a mesma. A moda (junto com o cinema, para mim) é a coisa que mais me inspira e me faz pensar e tentar entender esse mundo que a gente vive. E tenho isso na minha cabeça, que toda vez que vou escrever um texto, seja aqui ou para trabalho, eu preciso inspirar as pessoas. Trazer alguma coisa que faça um clique na cabeça, tipo “ah!”.
Meu professor de Teoria da Comunicação batia inúmeras vezes na tecla de que ‘informar’ é diferente de ‘comunicar’, e que nós tínhamos que comunicar, e que ‘comunicar’ de verdade é você mudar alguma coisa na pessoa com o que você está dizendo, mesmo que seja só acrescentando uma coisa nova que ela não tinha, tipo aquela informação que você falou. Pra mim é mais que comunicar, é inspirar. É diferente você ler um texto “fulano trouxe tons pastel, formas arredondadas e inspiração ano XO”, que tá só te dizendo uma coisa que você já tá vendo ali, do que um texto “fulano colocou sua inspiração XO nas bolinhas da coleção, que lembravam doenças do séc. IX, causadas por causa de não sei o que, e que tem relevância hoje em dia porque Y, X e Z”, que comunica, que traz uma coisa que, provavelmente, você não tinha pensado. Quando a gente faz isso, com um texto, uma foto, uma roupa, a gente tá provocando uma ‘mudança’ na mente, a gente tá mexendo com o senso comum que ela estava acostumada. Estamos dando um chacoalhão, sabe assim?




Quero sempre inspirar as pessoas que convivem comigo, as pessoas que lêem os meus textos, e quero sempre estar envolta de pessoas que me inspiram, e inspiram o resto do mundo também, e sempre pensando, e falando e fazendo coisas inspiradoras.




A vida é curta pra gente fazer uma coisa mais ou menos, estar com pessoas só pra não ficar sozinha, falar só por falar, deixar pra depois , dizer o que todo mundo já disse e, principalmente, fazer uma coisa que vai ser só mais uma. Se estamos aqui, vamos arrasar.
E inspirar ;)






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